Davi Miguel

No dia 25 de Janeiro de 2007, nasceu meu irmão Davi.Um bebê que foi não só gerado pela minha mãe, mais foi gerado por mim também.
Me lembro como se fosse hoje.Minha mãe e eu fomos ao Ginecologista,em uma consulta da minhã mãe.Ela entrou no consultório sendo mãe de duas, e saiu mãe de três.
Saiu emocionada, vermelha..com olhinhos meio fora da realidade.E disse,serei mãe novamente.
Não sei descrever aqui, o que eu senti na hora.Mais no meu íntimo, eu sabia que seria um menino, e que ele mudaria minha vida para sempre.
E não foi diferente..Foram 9 meses de espera, de carícias no casulo dele, de conversa.Até que o dia chegou.Contrações..correira pra encontrar alguém que nos levasse,sempre estive do lado da minha mãe.Chegamos no hospital, minha mãe entrou na sala de cirurgia..e eu chorei.Chorei por medo, por ansiedade.A família iria aumentar..nosso Davizinho estava chegando.
Não consegui vê-lo na Maternidade, pois era longe..moramos em Guarulhos e ele foi nascer em Arujá, que era onde o convênio da minha mãe atendia no momento.
Três dias depois eu estava lá, com meu padrasto e minha irmã. para buscar meu irmãozinho.Quando o peguei no colo, tive a melhor sensação do mundo.Parecia que ele sempre esteve conosco.
Vim no carro com ele no colo, olhando cada pedacinho dele.Ajudei a minha mãe nos primeiros dias, acordava para buscar ele no berço.Me lembro de ouvir minha mãe dizer que eu  levava jeito para a Maternidade.
Acompanhei seu desenvolvimento..primeira papinha..primeiro engatinhar, primeiros passinhos.Nessa fase, conheci meu marido, que foi essencial para me ajudar no que viria a seguir.
Em uma consulta pediátrica, o médico disse que a moleira do Davi fechou de maneira precoce.Pediu alguns exames para confirmar.Ficamos apreensivos..O médico disse que Davi tinha Cranioestenose.
O fechamento precoce das suturas(moleira),poderia causar uma série de danos.Poderia afetar a fala, o andar, a visão.Pois o cérebro do Davi não teria espaço para crescer.Disse que ele teria dores de cabeça.E que era necessário uma cirurgia.
Nosso mundo caiu..minha mãe entrou em desespero.Me lembro que a tranquilizei, e fui pro banheiro chorar.Chorei muito.
O caso foi levado para Mogi das Cruzes, pois o Davi tinha um ano, e essa cirurgia era mais comum ser feita até os seis meses.Uma junta médica decidiria a vida do meu irmão.
Na época eu já fazia curso de enfermagem , o que me ajudou a tranquilizar a minha mãe nos procedimentos.
E eu pensava, Deus deu a minha mãe um bebê perfeito..e ele ficará deficiênte.Ficava imaginando se a minha mãe tinha essa noção.(eu não frequentava a Igreja ainda), mais mesmo assim, Deus trabalhou no meu coração, pois eu tinha certeza, que a Junta médica decidiria o melhor.
Depois de 20 dias discutindo o caso, eles chegaram a conclusão que não era necessário, que ele estava se desenvolvendo bem.
Ao longo destes cinco anos, o levamos a mais alguns médicos, e as opiniões sempre eram divididas.Minha mão colocou na cabeça, que ele precisaria operar.
Davi cresceu sem problemas, mais ano passado minha mãe mudou de Pediatra, e este queria que o Davi operasse.
Dessa vez, foi diferente, pois eu já conhecia o Senhor.Orei para que não fosse feita cirurgia alguma.O Davi era perfeito, falava, andava, enxergava.Era uma criança normal de 4 anos, sem nenhuma alteração.
Ajoelhei e clamei, para Deus dar sabedoria a minha mãe, aos médicos, e para que Deus intervisse nessa decisão, pois uma cirurgia de crânio aos 4 anos seria complicadíssima.
A cirurgia foi marcada.
Quando vi o milagre de Deus..um dos médicos decidiu mais uma vez, levar o caso a uma Junta médica.
Deus não permitiu que a cirurgia fosse a diante.Deus deu a última palavra.


Hoje o Davi tem cinco anos, está no pré.Nossa ligação é fora do normal.No último final de semana, ele falou ao telefone:


Evelyn, quando você vem me ver..eu estou morrendo de saudade.


Disse a ele que iria na segunda..e quando foi segunda a noite, quando chegamos, ele estava me esperando no portão.Me abraçou, de meu vários beijos e disse que estava com muitas saudades.
Vejo que Deus livrou o meu irmão, pois a cirurgia poderia levar ele embora.
Minha mãe ainda teme que algo aconteça..neurológicamente.Medo de mãe que eu ainda não posso compreender.
Mais eu, vou amá-lo com todas as minhas forças, independente se ele , algum dia, apresentar alguma deficiência.
Hoje é dia do portador da síndrome de down.E mesmo meu irmão sendo perfeito, ele poderia não ser..e com tudo isso que passou, vejo que a deficiência maior está em nós.

ele levou nossas alianças